22 fevereiro, 2007

Sem título


Ontem apanhei uma seca... Mas uma senhora seca! Estive mais de meia hora sentada num banco da Av. da Liberdade (a alternativa era ficar de pé noutra rua), às 8h30 da manhã. Houve uma altura em que pensei se não forem 8h45, mato-me já aqui. Olhei para o relógio e vi que eram 8h44. Vi passar: a senhora mendiga; o senhor gay; o senhor corredor estou-de-calções-apesar-dos-9-graus; o senhor velho que fala sozinho, criticando o estado; o casal feliz que chega num só carro - o marido sai com a sua pastinha e leva a criança ao infantário, a mulher passa para o lugar do condutor e parte, enquanto o homem continua a pé até ao seu edifício; o casal de turistas felizes por estar tão quentinho em Lisboa; as duas senhoras de 60 e tal anos que vão parando a meio do caminho para poderem falar melhor; vi a montra da Trussardi - coisas feiosas; vi a montra da D&G, que tem papel escuro nos vidros e diz opening soon; amputei uma perna que já tinha ficado preta com o frio; amaldiçoei a minha mãe por me ter deixado ali tão cedo; amaldiçoei o momento em que disse à minha irmã que lhe emprestava o carro; amaldiçoei a porcaria das horas, que ainda eram 8h53 e, por fim, dei graças a alguma divindade por não estar a chover (dado que eu, como qualquer pessoa que se preze, não possuo guarda-chuva).



Acabei de reparar numa frase que tinha escrito no bloco na altura:
OMG! Ainda são 8h55! Se ninguém me encontrar logo à noite, procurem-me nas barrigas dos pombos da Avenida. Eles são gordos.





2 comentários:

Eduardo disse...

resume-se ao quotidiano, sem uma perna.

ritah disse...

bloco, trollzona! but fanks