12 fevereiro, 2008

A praça mais simpática e animada da televisão portuguesa!


Estive a pensar e cheguei a algumas conclusões sobre os programas de entretenimento matinal da televisão portuguesa.

Em primeiro lugar, só existem dois grupos de pessoas que vêem (regularmente) estas tentativas de diversão. Um é constituído pelo conjunto de homens que estão por detrás das câmaras a filmar e a sofrer em silêncio, o outro engloba todo o conjunto de pessoas que enviam as mensagens que passam em rodapé (com o único propósito de verem as suas palavras lamechas a passar na televisão).

No que diz respeito aos rodapés: recentemente, na minha última ida ao ginásio, dei-me ao trabalho de ler realmente as frases que estavam a correr e, infelizmente, só tinha comigo uma toalha e o mp3, caso contrário, teria começado de imediato a escavar os meus pequenos pulsos. Quis acreditar que eram mensagens inventadas, que existia uma pessoa, provavelmente licenciada em comunicação social ou algum workshop do género, cujo trabalho era criar frases pirosas, carregadas de metáforas ridículas e de amores exagerados pela Sónia Araújo, mas os nomes próprios - claramente originários das profundezas do campo de Portugal - dos remetentes e destinatários das mensagens fizeram-me aceitar a elevada probabilidade de serem textos originais. É claro que tive a fantástica oportunidade de saber que era amada pelo Jorge de Alenquer e pelo Nelson da Holanda (através de declarações do género: Rita, és o sol da minha vida, o edredon que me aquece e o pão com planta que me alimenta ou Quero-te tanto, querida Rita, quanto o cão quer o seu osso e o drogado a sua seringa. Beijos fofos do teu fofinho), o que foi bastante gratificante (apesar de, trinta segundos depois, ter descoberto que todas as Marias, Helenas e Ricardas eram tão amadas como eu).

Quanto aos temas de conversa, com base nas legendas que aparecem ocasionalmente (não há som no ginásio - praise the lord), consistem exclusivamente em apresentar famílias com 50 membros em média, exibir as suas fotos de passe (muito à fotógrafo da Guerra Junqueiro, apenas com mais algum brilho na testa e o olhar cruzado) e/ou casamento e referir em que país os filhos e netos se encontram emigrados.

Por fim, resta-me mencionar a população de zombies que aparece sentada em background e que, terá, de certeza absoluta, uma pistola apontada à cabeça, pois para além de ficarem ali sentados durante cinco horas, quando o Lucas e Mateus cantam, eles dançam, abraçados em pares, através de movimentos muito mortiços, tradicionalmente vistos nas danças dos campos de concentração.


Nota: baseei-me essencialmente no programa da rtp1, pelo que os programas dos restantes canais podem diferir um pouquinho em termos de conteúdo - em qualidade, devem certamente seguir a mesma estrada.




5 comentários:

Anónimo disse...

"licenciada em comunicação social ou algum workshop do género" LOL ! E não te esqueças do programa da Júlia...Jeez! Still, continuo a acreditar que as frases de rodapé são feitas...

ritah disse...

Esse nunca vi... Mas já vi o da Fátinha!! Que btw voltou a cortar o cabelo à rapaz! Why, oh why?!

pegueitrinquei disse...

Estou... speechless. Descrição mais melhor bem conseguida. Clap clap clap.

ritah disse...

:D

Sofia disse...

Workshop de comunicação social?

Mega Grumpf.