13.11.15

Slide

Tenho uns sapatos novos de sola extremamente lisa. Sublinho e engordo o "extremamente", pois esta palavra no seu estado corriqueiro não serve para explicar sequer metade da maciez que está presente na sola destes sapatos.

Quando calço estes sapatos, deslizo na calçada pintalgada de folhas ensopadas e poças de água da chuva, como se em cima de skis estivesse e galgasse uma neve brilhante e fofinha, rodeada de seres portugueses que preenchem as montanhas de Espanha com as suas obsessões de vá lá, ainda conseguimos fazer mais uma antes das 5.

Patino como quando tinha 15 anos e, durante as férias de verão,  me arrastava nos ringues de gelo ingleses de mão colada ao corrimão e rabo molhado, percorrendo metros em velocidades ora quase nulas, ora involuntariamente alucinantes.

Acelero que nem uma criança com ténis daqueles que trazem rodinhas secretas a fazer círculos apertados em torno da mãe, que se desloca a 2km/hora de mãos agarradas a seis sacos do Continente.

Correção: Tinha, deslizava, patinava e acelerava. Porque deslizei, patinei e acelerei tanto que caí duas vezes em 300m. 3 minutos depois estava sentada descalça na cadeirinha do sapateiro, enquanto ele sonoramente eutanasiava as solas escorregadias e colocava umas ásperas e SEGURAS.



Sem comentários: